Vai Pegar Na Tcheca [NEW]
Sentamos para comer a feijoada. De um lado eu tinha minha filha de quatro anos devidamente concentrada na feijoada. Do outro a mãe tcheca, Tatiana. A bebê estava no chão, dentro do bebê conforto sem dar um pio. Enquanto eu olhava para Tatiana e tentava encontrar as olheiras que evidenciassem seu cansaço, ela me contava tranquila que a filha dormia e mamava que era um beleza. Era só deixar ela no berço, alimentada e com um brinquedinho, que depois de uns 15 minutos dormia sozinha a noite inteira. "Uau, que sorte" - pensei. Apesar de eu não estar mais nessa fase, ainda me impressionam esses relatos.
Vai Pegar Na Tcheca
Papo vem, papo vai e bem timidamente a bebezinha começa a reclamar. "Ela está com fome"- explica Tatiana, que devia estar com fome também porque continuava a comer sua feijoada na maior tranquilidade. A menina reclama mais um pouquinho. A mãe pega no colo. E continua conversando. Ela reclama um pouco mais alto. "Acho que ela está com fome mesmo, tá assim mexendo com a boquinha, né?" - eu argumento já um pouco sem graça. "Com certeza é fome, ela mama nesse horário." - finaliza a tcheca com mais uma garfada de farofa. "Então vai mulher, sai correndo, bota esses peitos para fora, não está vendo que a menina está faminta?" - penso eu, mas pela paz na Europa me mantenho calada.
Enquanto a mãe tcheca levanta calmamente e vai amamentar a filha no quarto dos anfitriões, eu imagino que se fosse eu naquela situação com certeza já estaria há muito tempo semi-nua, comendo feijoada com um bebê pendurado no meu peito. Será que um pouco mais de disciplina não teria feito a minha vida e da minha filha mais fáceis?
Depois de um tempo, Tatiana volta à sala sem a filha. "Dormiu? - pergunto curiosa. "Não, ela está brincando com o brinquedinho, daqui a pouco ela dorme, e volta a participar animada da conversa. Quase uma hora depois a menininha ainda não tinha dormido. O que se escutava era um chorinho cada vez mais forte vindo do quarto dos anfitriões. Eu, e uma outra brasileira, também visivelmente incomodada, não conseguíamos nem mais prestar atenção na conversa. Sabe quando tem alguém falando na sua frente, mas é como se a pessoa apenas mexesse os lábios sem som? Pois é, era assim que eu me sentia. Eu estava em transe, quase levantando para pegar a tchequinha no colo e lhe dar uma bela de uma ninada, daquelas que deixa qualquer criança mal acostumada.
Da última vez que estivemos na capital tcheca conhecemos tantos bares que criamos um roteiro completo de onde beber em Praga. Passamos 10 dias por lá e aproveitamos para visitar muitos bares e provar a cerveja local. 041b061a72